Imigração italiana no Brasil
Em 1902, a imigração italiana no Brasil começou a declinar. Então, de 1903 a 1920, apenas 306.652 italianos chegaram no Brasil, contra 953.453 na Argentina e 3.581.322 nos Estados Unidos.
E isso aconteceu, principalmente, ao Decreto Prinetti na Itália, que proibia a imigração subsidiada no Brasil (o governo brasileiro ou os latifundiários não podiam mais pagar a passagem dos imigrantes).
Desse modo, o Decreto Prinetti foi criado por causa da comoção da imprensa italiana devido à penúria enfrentada pela maioria dos italianos no Brasil. Logo, os imigrantes que foram para o Sul do Brasil tornaram-se pequenos proprietários de terras.
E, apesar dos problemas enfrentados por eles (floresta densa, epidemia de febre amarela, falta de mercado consumidor), o fácil acesso às terras aumentava suas oportunidades.
Minoria dos italianos no Sul do Brasil
No entanto, apenas uma minoria dos italianos estava sendo levada para o Sul do Brasil. Outrossim, a maior parte do país, pois sua economia era baseada na cafeicultura, o Brasil já era o principal exportador de café do mundo (desde a década de 1850).
Como consequência do fim da escravidão e da saída da maioria dos ex-escravos das plantações, houve escassez de mão de obra nas lavouras de café. Além disso, “desigualdade natural dos seres humanos”, “hierarquia de raças”, darwinismo social, positivismo e outras teorias foram usadas para explicar que os trabalhadores europeus eram superiores aos trabalhadores nativos.
Em consequência, passagens estavam sendo oferecidas aos europeus (a chamada “imigração subsidiada”). Principalmente, aos italianos, para que pudessem vir ao Brasil trabalhar nas plantações, pois havia falta de mão de obra nas plantações de café.
É diante desse cenário que a imigração italiana no Brasil decaiu e o blog Benini & Donato Cidadania Italiana abordará aqui. Todavia, leia também sobre o crescimento e assimilação em outros artigos escritos no blog.
Para isso, clique Crescimento da Imigração Italiana no Brasil e Assimilação da Imigração Italiana no Brasil.
Declínio da Imigração Italiana no Brasil – Como aconteceu?
Como dito antes, não havia mais mãos de obra na lavoura de café, então aqueles imigrantes eram empregados em enormes latifúndios (grandes fazendas), anteriormente empregando escravos.
No Brasil, não existiam leis trabalhistas (as primeiras leis trabalhistas concretas só surgiram na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas). E, portanto, os trabalhadores quase não tinham proteção legal.
Dessa maneira, os contratos assinados pelos imigrantes poderiam estar sendo facilmente violados pelos proprietários de terras brasileiras. E acostumados a lidar com escravos africanos, os resquícios da escravidão influenciaram na forma como os latifundiários brasileiros lidavam com os trabalhadores italianos.
Então, os imigrantes estavam sendo frequentemente monitorados, com extensas jornadas de trabalho. Ademais, em alguns casos, estavam sendo obrigados a comprar os produtos de que necessitavam do proprietário. Além disso, as fazendas de café localizavam-se em regiões bastante isoladas.
Logo, se os imigrantes adoecessem, demorariam horas para chegar ao hospital mais próximo. Enfim, a estrutura de trabalho usada nas fazendas incluía o trabalho de mulheres e crianças italianas.
A cultura italiana estava sendo cada vez mais difícil de manter
Manter a cultura italiana também se tornou mais difícil: as igrejas católicas e os centros culturais italianos ficavam longe das fazendas. Os imigrantes que não aceitaram as normas impostas pelo proprietário foram substituídos por outros imigrantes.
Isso os obrigou a aceitar as imposições do proprietário ou teriam que deixar suas terras. Embora os italianos fossem considerados “superiores” aos negros pelos proprietários de terras brasileiros, a situação dos italianos no Brasil era tão semelhante à dos escravos que os fazendeiros os chamavam de escravos brancos.
A miséria enfrentada por italianos e outros imigrantes no Brasil causou grande comoção na imprensa italiana, que culminou com o Decreto Prinetti em 1902.
Assim sendo, muitos imigrantes deixaram o Brasil após sua experiência nas fazendas de café de São Paulo. Entre 1882 e 1914, 1,5 milhão de imigrantes de diferentes nacionalidades vieram para São Paulo, enquanto 695 mil deixaram o estado, ou 45% do total.
O grande número de italianos solicitando ao Consulado Italiano uma passagem para deixar o Brasil estava sendo tão significativo que em 1907 a maior parte dos fundos italianos para repatriação foi usada no Brasil.
Estima-se que, entre 1890 e 1904, 223.031 (14.869 anuais) italianos deixaram o Brasil, principalmente após experiências fracassadas em fazendas de café. A maioria dos italianos que deixaram o país não conseguiu somar o dinheiro que desejavam.
Imigração italiana no Brasil – A maioria volta para Itália
Sendo assim, a maioria dessas pessoas voltou para a Itália, enquanto outros emigraram para a Argentina, Uruguai ou para os Estados Unidos. A saída de imigrantes preocupou os proprietários de terras brasileiras, que reclamavam constantemente da falta de trabalhadores.
Os imigrantes espanhóis começaram a chegar em maior número. Mas logo a Espanha também começou a criar barreiras para uma maior imigração de espanhóis para fazendas de café no Brasil.
O persistente problema de falta de mão de obra nas fazendas foi, então, temporariamente resolvido com a chegada dos imigrantes japoneses, a partir de 1908.
Apesar do alto número de imigrantes saindo do país, a maioria dos italianos permaneceu no Brasil. Então, essa maioria de italianos permaneceu apenas um ano trabalhando nas fazendas de café e depois deixaram as plantações.
Um pequeno número deles ganhou dinheiro suficiente para comprar suas próprias terras e se tornou fazendeiro. No entanto, a maioria migrou para os centros urbanos brasileiros.
Muitos italianos trabalhavam em fábricas (em 1901, 81% dos operários paulistas eram italianos). No Rio de Janeiro, parte considerável dos operários fabris também era composta por italianos.
Em São Paulo, esses trabalhadores se estabeleceram no centro da cidade, vivendo em cortiços (casas geminadas multifamiliares degradadas). Essas aglomerações de italianos nos centros urbanos deram origem a bairros tipicamente italianos, como a Mooca, que está até hoje ligada ao seu passado italiano.
Outros italianos tornaram-se comerciantes, a maioria comerciantes itinerantes, vendendo seus produtos em diferentes regiões. Presença comum nas ruas de São Paulo eram os meninos italianos que trabalhavam como jornaleiros, como observou um viajante italiano:
“Na multidão, vemos muitos meninos italianos, maltrapilhos e descalços, vendendo jornais da cidade e do Rio de Janeiro, incomodando os transeuntes com suas ofertas e seus gritos de malandragem”.
Sucesso pessoal e o destino dos filhos de italianos
Apesar das condições de pobreza e até de semiescravidão enfrentadas por muitos italianos no Brasil, com o tempo a maioria dessa população alcançou algum sucesso pessoal. E mudou sua situação econômica de classe baixa.
Embora a maior parte da primeira geração de imigrantes ainda vivesse na pobreza, os filhos de italianos, nascidos no Brasil, muitas vezes mudavam de status social ao diversificar seu campo de trabalho, saindo das precárias condições de seus pais e não raramente passando a fazer parte da elite local.
Que interessante saber desse declínio da imigração italiana no Brasil, verdade? Conte-nos o que achou e se tem mais algo a acrescentar, comente também.
Benini & Donato Cidadania Italiana
Resgatando suas origens
Processos de direito ao reconhecimento de cidadania italiana:
I – Processo administrativo no Brasil via consulado italiano;
II – Processo administrativo na Itália via comune;
III – Processo Judicial na Itália no Tribunal de Roma via “materno” ou “paterno” contra as filas consulares.